quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Escrevi.
Apaguei.
Reescrevi.
Apaguei.
Quem nunca ficou tão confuso? Ou tão perdido?
Quem nunca ficou perdido nos sentimentos?
E foi isso que aconteceu hoje.
Escrevi, apaguei...
E apagaria novamente, se não me fosse tão necessário "cuspir" o que me "mata".
Mas o que me mata?
Também não sei.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Laços

Eu sentia suas lágrimas escorrerem em meu rosto
Sentia sua dor de longe,
meu coração me avisava sua aflição
Eu entendia seus diversos olhares
Tinha certeza quando estava sorrindo mas no fundo queria mesmo...
Chorar.
Eu sorria ao ver seus olhos sorrirem,
e me encantava com essa capacidade dos olhos mostrarem tanta alegria.
Eu entendia o seu fim, mesmo estando no início.
Eu sabia todas as suas respostas antes mesmo de existirem perguntas
Conhecia os detalhes minuciosos
Carregava sua vida como se fosse minha, ou vivia uma vida...
... que era nossa.
Chorava ao te ver partir.
Me alegrava ao te ver voltar.
Já fiz coisas que não queria para te dar alegrias.
Contei meus maiores e menores segredos
me inventei e reinventei e mesmo assim fui entendida
Fui de todas as maneiras.
Girei o mundo de cabeça para baixo mas mesmo assim,
mesmo girando, você não soltou minha mão.
E se hoje eu "vivo" mais ao "norte" e você mais ao "sul",
se hoje nossos olhares não se cruzam,
se hoje não tenho o coração tão sensível capaz de sentir a dor que ainda não chegou,
ou dar a melhor notícia primeiro,
é porque bem ali, no meio do caminho tinha uma muralha.
Mas o que é uma muralha para quem já "girou" o mundo?
Me responda, o que é uma muralha? O que ela está fazendo ali?
Me recuso a parar por tão pouco.
Me recuso a não pular, a não destruir.
Porque eu sei, que bem ali do outro lado,
sua mão ainda estará aberta para segurar a minha.
Talvez machucada, talvez cansada de esperar...
... mas eu sei, sim eu sei que ela estará ali.

por: Raquel Seidler

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Desabafo

Fazer sentido. Desde quando isso se tornou algo primordial?
Tudo precisa de uma explicação, de um motivo para ser verdadeiro.
As coisas deixaram de ser simples, precisam ser minuciosamente entendidas para: "fazer sentido".
Percebo quão medíocres as pessoas tem se tornado. Tudo gira em torna de regras,
de passos que precisam ser seguidos para: "fazer sentido".
"Acho essa roupa linda, mas não vou vestir porque me engorda"
"Adoraria poder andar de tênis o dia todo ao invés de salto, seria tão mais confortável!"
"Ah se eu pudesse comer uma pizza essa noite! Mas não, eu estou de dieta"
E tudo isso porque? Para: FAZER SENTIDO, para estar "inserido" em uma sociedade
que é totalmente sem sentidos, mas ninguém é capaz de observar porque estão cegos,
obcecados por uma mídia imunda que diz que é PRECISO fazer sentido.
Hoje eu sou o "bam bam bam" porque tenho um tênis Nike. Mas e amanhã? O que ele será? Amanhã eu terei que ter o último lançamento da Apple para: fazer sentido.
Odeio correr. Mas corro não porque faz bem a saúde, mas porque olho as atrizes na televisão e
tenho certeza que beleza é aquilo. Não, não estou dizendo que são feias. Mas quem disse que
algo diferente daquilo ali não é bonito?
A maioria das pessoas acabou deixando para segundo, terceiro, ou nem inseriu em seus planos
o lado importante.
Não me lembro a última vez em que escutei uma citação de Fernando Pessoa, ou Mária Quintana,
Cecília Meireles e porque não lembrar também de Clarice Lispector? Quem foi gigante um dia,
quem foi primordial, hoje só está na memória. E infelizmente, na memória de poucos, e estou sendo otimista quando digo "poucos".
Não julgo quem ama novelas, não perde um capítulo e sabe de tudo de todos os personagens.
Não julgo quem tem todos os tênis da nike, ou uma coleção da Apple.
Não julgo quem corre, malha, busca um corpo bonito.
Não, não é isso.
O problema é: isso faz sentido? Corrigindo: Só isso faz sentido?
NÃO!!!
Mas na sociedade dos "sentidos", o que seria um "eu" perdido dizendo do quão agradável
é fugir das "regras", não fazer sentido, sair de chinelo, com o cabelo bagunçado, sem se preocupar
com os olhares, com as descrições.
É muito mais difícil buscar o simples, a falta de sentidos, o inverso do que é ditado como "regra".


por: Raquel Seidler

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Bolha

Você vive cercado por um mundo.
Muitas pessoas dizem que o amam, que o admiram e que querem ficar ao seu lado
para sempre.
Essas pessoas seguram suas mãos e dizem que nunca mais irá soltá-las.
Você pega sua confiança e coloca nessas mãos agarradas em sua vida.
De repente as mãos se soltam e sabe-se lá porque.
A única coisa que sobra são vestígios de um passado que não sabemos se valeu à pena.
Vale tanto assim amar e ter que "desamar"?
Confiar e "desconfiar"?
Não é descaso. Mas é que eu prefiro muito mais o meu cantinho, meu mundo, meus pensamentos, a essas mãos que não sabem segurar verdadeiramente as outras.
E fico assim, sendo eu, sendo só.