terça-feira, 23 de outubro de 2012

Desabafo

Fazer sentido. Desde quando isso se tornou algo primordial?
Tudo precisa de uma explicação, de um motivo para ser verdadeiro.
As coisas deixaram de ser simples, precisam ser minuciosamente entendidas para: "fazer sentido".
Percebo quão medíocres as pessoas tem se tornado. Tudo gira em torna de regras,
de passos que precisam ser seguidos para: "fazer sentido".
"Acho essa roupa linda, mas não vou vestir porque me engorda"
"Adoraria poder andar de tênis o dia todo ao invés de salto, seria tão mais confortável!"
"Ah se eu pudesse comer uma pizza essa noite! Mas não, eu estou de dieta"
E tudo isso porque? Para: FAZER SENTIDO, para estar "inserido" em uma sociedade
que é totalmente sem sentidos, mas ninguém é capaz de observar porque estão cegos,
obcecados por uma mídia imunda que diz que é PRECISO fazer sentido.
Hoje eu sou o "bam bam bam" porque tenho um tênis Nike. Mas e amanhã? O que ele será? Amanhã eu terei que ter o último lançamento da Apple para: fazer sentido.
Odeio correr. Mas corro não porque faz bem a saúde, mas porque olho as atrizes na televisão e
tenho certeza que beleza é aquilo. Não, não estou dizendo que são feias. Mas quem disse que
algo diferente daquilo ali não é bonito?
A maioria das pessoas acabou deixando para segundo, terceiro, ou nem inseriu em seus planos
o lado importante.
Não me lembro a última vez em que escutei uma citação de Fernando Pessoa, ou Mária Quintana,
Cecília Meireles e porque não lembrar também de Clarice Lispector? Quem foi gigante um dia,
quem foi primordial, hoje só está na memória. E infelizmente, na memória de poucos, e estou sendo otimista quando digo "poucos".
Não julgo quem ama novelas, não perde um capítulo e sabe de tudo de todos os personagens.
Não julgo quem tem todos os tênis da nike, ou uma coleção da Apple.
Não julgo quem corre, malha, busca um corpo bonito.
Não, não é isso.
O problema é: isso faz sentido? Corrigindo: Só isso faz sentido?
NÃO!!!
Mas na sociedade dos "sentidos", o que seria um "eu" perdido dizendo do quão agradável
é fugir das "regras", não fazer sentido, sair de chinelo, com o cabelo bagunçado, sem se preocupar
com os olhares, com as descrições.
É muito mais difícil buscar o simples, a falta de sentidos, o inverso do que é ditado como "regra".


por: Raquel Seidler

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